CLUBE DE LEITURA CORAL - O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA -
1 de dezembro de 2022
Antes de navegar:
Trocamos brevemente impressões sobre leituras prévias de
Saramago e de livros que falem em ilhas.
Para refrescar a leitura:
Que portas havia na casa do rei?
O que ressoava na porta?
Por onde é que a mulher da limpeza perguntava?
Que três perguntas é que o rei fez?
Onde se sentou o rei ao ouvir o pedido?
O que fazia a mulher, além de limpar?
Onde se encontraram o homem e o capitão?
Que embarcações são citadas?
Que embarcação é que ele recebeu?
Que espaços há dentro do barco para guardar objetos?
Como se defendeu a mulher da limpeza das gaivotas?
Como se chama o som agudo das gaivotas?
O que é que ela fez com os ninhos?
Com que são comparadas as velas?
Que adjetivo é aplicado várias vezes ao mar?
O que é que o filósofo do rei dizia?
O que tinha o farnel que ele tinha trazido?
O que fez um som ronco?
O que é que ela tirou do bolso do avental?
O que havia, alinhado na amurada?
O que é que as gaivotas levavam no bico?
Em que momentos do conto são tomadas decisões?
Para debater:
- Que episódios e elementos do conto remetem para as seguintes ideias?
A hierarquia
A burocracia
As posses materiais
A tomada de decisões
A aprendizagem
A determinação
A história de Portugal
A identidade
O encontro com os outros
O sonho
O amor
O autoconhecimento
- Que visões do mundo se contrapõem no conto?
- O que é que as viagens conseguem provocar em nós?
- O que te sugere o final do conto?
Para lembrar:
"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
"Se não sais de ti, não chegas a saber quem és"
Bem sei que há ilhas... (Fernando Pessoa).
Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo
Onde há paisagens que não pode haver.
Tão belas que são como que o veludo
Do tecido que o mundo pode ser.
Bem sei. Vegetações olhando o mar,
Coral, encostas, tudo o que é a vida
Tornado amor e luz, o que o sonhar
Dá à imaginação anoitecida.
Bem sei. Vejo isso tudo. O mesmo vento
Que ali agita os ramos em torpor
Passa de leve por meu pensamento
E o pensamento julga que é amor.
Sei, sim, é belo, é longe, é impossível,
Existe, dorme, tem a cor e o fim,
E, ainda que não haja, é tão visível
Que é uma parte natural de mim.
Sei tudo, sei, sei tudo. E sei também
Que não é lá que há isso que lá está.
Sei qual é a luz que essa paisagem tem
E qual a rota que nos leva lá.
20-09-1934
Poema publicado pela primeira vez em Novas Poesias Inéditas. Lisboa, Ática, 1973. Esp., env. 62B-
25, original manuscrito a tinta; datado; não assinado.
O homem do leme, Xutos e Pontapés.
Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.
E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...
No fundo do mar
jazem os outros, os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.
No fundo horizonte
sopra o murmúrio para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro, é tarde demais...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder..
Ningún comentario:
Publicar un comentario